A BR-116 tem 40 anos. A vida útil da manta asfáltica é de apenas 20 anos. Durante estas quatro décadas houve uma série de operações tapa-buracos, o que permite que no próximo inverno o problema volte. O primeiro a denunciar tal situação foi o deputado estadual Welington Landim através de pronunciamentos da tribuna da Assembleia Legislativa.
A intenção do deputado Welington Landim, que é líder do bloco parlamentar PSB-PT-PMDB na Assembleia Legislativa, sempre foi a recuperação total do trecho da BR-116 que corta o Ceará. Foram várias visitas ao Ministério dos Transportes, em Brasília, e à Superintendência do DNIT, em Fortaleza. Finalmente, a recuperação total da BR-116 que passa pelo Ceará foi autorizada pelo Governo Lula e o serviço começou.
Em outubro passado, no entanto, o Ministério Público e a Polícia Federal descobriram no DNIT um grupo que superfaturava preços justamente nas obras realizadas nas BRs. O trecho entre Milagres e Penaforte, passando por Brejo Santo, porém, não se encontra nas irregularidades, mesmo assim aos serviços foram paralisados porque a Construtora Delta é a responsável pelas obras. O trecho que estava irregular da Construtora Delta era o de Fortaleza.
Mesmo assim, o DNIT suspende todo e qualquer pagamento à Construtora Delta, inclusive, o do trecho do Cariri, fazendo com que a empresa retirasse do local seu maquinário e seus homens. Nem mesmo os sinalizadores com a placa “siga” e “pare” permaneceram no local. Isto deixou a região vulnerável diante a possibilidade de graves acidentes. A Delta dispensou os 350 operários. Em cada um dos três canteiros de obras só foi encontrado um vigia, que não fala sobre o assunto.
Com o início das obras na região do Cariri a situação piorou e muita. O atoleiro, os constantes engarrafamentos e o tempo perdido pelos passageiros dos ônibus e caminheiros provocaram duas horas de paralisação, o que aconteceu na manhã de ontem a altura da duplicação da ponte sobre o Rio Tamamduá, em Brejo Santo. “Este movimento é pacífico e serve exclusivamente para chamar a atenção das autoridades do setor rodoviário brasileiro”, disse ao discursar no local o deputado estadual Welington Landim, coordenador do protesto. “Todos os deputados estaduais se envolveram e enviamos um documentos para a bancada federal do Ceará pedindo apoio, porém, ninguém se manifestou a favor do povo do Ceará”, denunciou.
O caminhoneiro José Carlos Tabosa, de Santa Catarina, desceu da carreta com alimentos perecíveis e se engajou ao movimento: “Estou aqui como cidadão. Estou apoiando integralmente este movimento cidadão. Nós, caminhoneiros, é que sustentamos este país, mas o Brasil não tem respeito pelo caminheiro. É muito triste”. Para o radialista Tico RC, que estava na manifestação ao lado de um grupo de maçons, também se mostrou solidário e indignado diante a situação: “Sou professor universitário em Milagres e preciso passar todos os dias por aqui. A situação é lastimável”.
O prefeito de Brejo Santo, Guilherme Landim, um dos municípios mais prejudicados com a paralisação das obras de recuperação total da BR-116, foi enfático ao dizer que “não gostaríamos que chegássemos a este ponto, mas foi necessário por irresponsabilidade das autoridades federais”. Para o presidente da CDL de Brejo Santo, Cesar Siqueira, “este é um ato de coragem de nossos homens públicos estaduais e municipais. Não podemos ficar mais sofrendo”.
No final da manifestação, o deputado Welington Landim revelou que recebeu “finalmente”, um ofício do DNIT do Ceará dizendo que espera serem empenhados R$ 13 milhões para dar continuidade ao serviço no trecho da BR-116 no Cariri e se tudo der certo as obras serão retomadas até o final deste ano. “Ora, queremos é atitude mais urgência. Que o DNIT coloque seus homens e suas máquinas aqui para dar continuidade ao serviço”, pediu enquanto era iniciado o canto do Hino Nacional, entoado pelos presentes.
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