Nota da Executiva Estadual do PSOL Ceará
"Há mais de duas décadas, não víamos manifestações tão massivas. É espetacular ver as ruas tomadas pelos jovens. Há muito pelo que lutar. Somos uma sociedade capitalista, desigual, racista, machista e homofóbica. As maiorias sociais têm péssimos serviços públicos e sua voz nunca é ouvida pelo centro do poder político.
Há motivos de sobra para a insatisfação com o poder instituído. Ele, de fato, não nos representa. Não representa a mulher vítima de violência, a criança pobre, o homossexual, o jovem da periferia urbana, os negros/negras, os camponeses, os trabalhadores em geral. É um poder autoconfinado – feito pelo andar de cima para o andar de cima.
A indignação é um bom começo. Mas precisamos saber onde queremos chegar e como queremos chegar. A indignação sozinha não é capaz de apontar transformações de curto e longo prazos. Pior, pode levar a retrocessos quando é canalizada pela fração mais conservadora da sociedade. Assim nasceram o fascismo e o nazismo. Temos que aprender com a história.
Vencemos duas ditaduras e conquistamos avanços democráticos no século XX, mas quase nada foi posto em prática para a emancipação das maiorias sociais e classes populares. Não fizemos as reformas estruturais que garantiriam os interesses das maiorias. Ao contrário, muita coisa que foi conquista da luta vem sendo ameaçada.
Sabemos que a indignação contra os ditos partidos da esquerda tradicional é legítima, principalmente porque PT e PCdoB, ao chegarem ao governo, fizeram concessões ao grande capital, traindo, frustrando e atacando direitos. O governo Dilma (PT) cortou 53 e 50 bilhões das áreas sociais nos dois primeiros anos de mandato, para manter a prioridade de investimentos no agronegócio, em megaprojetos e megaeventos esportivos. Aldo Rebelo (PCdoB) foi o próprio relator do Novo Código Florestal, que ataca o meio ambiente e expande o latifúndio no país, aumentando as desigualdades sociais. Hoje é ministro dos esportes e seu partido é o partido da Copa.
Portanto, é preciso elogiar o vigor das novas gerações e seu engajamento. É preciso denunciar que os conservadores querem o retrocesso e manipular a insatisfação, pregando uma antipolítica e um antipartidarismo. É necessário que se afirme: tudo é política, porque a vida é política. A política é a dimensão social em que disputamos o rumo da sociedade. Não existe neutralidade. Todos somos convocados a todo momento a tomar posição, a tomar partido. Queremos pluralidade e liberdade. Que todos possam ter sua voz, mesmo quando discordamos dos rumos a seguir.
Precisamos nos unir para Reforma Política que amplie os instrumentos de participação popular e na democracia direta, fim de todas as privatizações, inversão imediata da prioridade dos investimentos públicos, auditoria aberta da dívida pública, avançar nas reformas agrária e urbana, garantir os direitos humanos e a laicidade do Estado, enfrentar a criminalização e extermínio da juventude.
Queremos contribuir com a mudança. Não concordamos com qualquer dirigismo, aparelhismo ou vanguardismo. Mas defendemos a democracia real e a liberdade de associação e organização.
Que as classes populares, as juventudes, homens e mulheres que querem transformar o Brasil se unam em torno de uma plataforma de avanço em prol de conquistas. Porque o novo sempre vem.
Estaremos no mesmo lugar em que sempre estivemos: fortalecendo os movimentos sociais livres e autônomos que há muito tempo lutam para mudar o Brasil. E o mundo.
Por uma sociedade socialista, lutaremos. E continuaremos nas ruas."
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