O secretário cearense da saúde, Ciro Gomes sempre dá lide, dizem os jornalistas. Fontes do Palácio do Planalto informaram que ele foi convidado por Aloízio Mercadante a compor a equipe para a reeleição da presidente Dilma Rousseff. Em entrevista no programa Sábado Show, da Rádio Verdes Mares apresentado por Evandro Nogueira, mesmo tecendo críticas à política econômica brasileira, ele colocou a presidente Dilma como “favorita” nas eleições de outubro.
Ciro fez duras críticas o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) e disse que Aécio é visto como a volta a um passado que a população não deseja. “As pessoas sentem que a Economia não está bem, mas as pessoas não enxergam nos candidatos adversos a Dilma um futuro melhor do que ela. Pelo contrário, ver em alguns ou a ‘trairagem’, como é o caso do Eduardo Campos, que até ontem estava comendo no cocho do governo durante sete anos, e agora, só por oportunismo, por ‘egotrip’, uma viagem pessoal, ele resolve esculhambar. Ou o Aécio, que quer trazer de volta a turma do Fernando Henrique”, disse.
Sobre a ex-ministra Marina Silva, que foi lançada como vice de Eduardo Campos, Ciro a acusou de só falar sobre meio ambiente e sustentabilidade. E desafiou: “Qual é a proposta que a Marina tem para o Brasil? Fure meu olho com uma!”.
Leia os principais trechos da entrevista:
- - O senhor vai ser ministro da Saúde, caso a presidente seja reeleita?
- Não, não. Quero ver se, terminando o mandato do governador Cid, eu vou ajudar a formar jovens. Isso é o que me entusiasma na política agora: tentar ajudar a formar uma nova turma de dirigentes mais jovens para garantir o futuro do Ceará.
- - Mas o senhor vai agüentar ficar muito tempo fora da política?
- Eu não vou ficar fira da política, como eu não estou. Eu não quero é ter mandato por ter mandato. Isso é o que acaba apodrecendo muitos homens públicos: ter mandato por ter mandato; ir para Brasília e virar um cabra calado diante dessas confusões ou virar um cara que só vive brigando e tendo que dizer as coisas duras e fortes e, às vezes, ser mal entendido. Eu dei minha contribuição. Não estou desertando de nada. Eu agora fui chamado para ajudar na Secretaria de Saúde do Ceará. Tem muita gente que acha que eu por ter sido candidato a presidente da República, ministro da Fazenda, talvez não devesse. Mas estou entusiasmadíssimo em ajudar a botar as UPAs para funcionar, em botar as policlínicas para funcionar, os hospitais para funcionar e tentar humanizar o atendimento da nossa população. Você não tem ideia do que eu tenho ouvido de carinho. Isso é pura política. Pelo menos do jeito que eu vejo política.
- - As duas últimas pesquisas de intenção de voto mostram a presidente Dilma em queda. Qual a avaliação que o senhor faz desses resultados e dos outros candidatos que estão colocados na disputa?
- São duas coisas. A economia brasileira não vai bem. Vamos ter clareza; vamos ter humildade. A Dilma, ela própria tem que fazer que propor essa discussão. Os rumos estratégicos do Brasil não estão bem. O Brasil não está bem encaminhado sob o ponto de vista da estratégia econômica. Mas a população quer a correção de rumo. Ela não quer que essa correção de rumo seja uma volta ao passado; seja uma negação do espaço conquistado. Enquanto os políticos botem boca em Brasília ou assaltam os cofres públicos, a população sabe que quando esse projeto começou o salário mínimo era equivalente a 72 dólares. Hoje, o salário mínimo equivale a 330 dólares e é o maior valor de compra da história do salário mínimo. O nosso trabalhador no Ceará, por exemplo, sete em cada dez com carteira assinada ganham um salário mínimo. E eles sabem a conquista que foi. Evidente que isso não é o suficiente. Mas ele não quer que volte para o passado. Se você considerar que o Brasil não podia ter o salário mínimo equivalente a 100 dólares, como essa turma do PSDB estabeleceu com o Fernando Henrique. E é essa turma que quer voltar. Depois, você tem o crédito. No Brasil, só quem tinha crédito, quando esse projeto começou, era barão. Hoje, você tem o maior volume de crédito disponível na Economia. Até há um certo exagero. Isso significa que o pobre ou a pequena classe média está podendo comprar geladeira, televisão, motocicleta e até um carrinho, porque agora o crédito está mais farto do que jamais esteve na economia brasileira, a despeito que o juro ainda ser muito alto. Então, você tem que corrigir o juro; tem que corrigir a qualidade do crédito. Mas ninguém quer voltar ao passado em que o crédito era só para rico e que o pobre não tinha direito de comprar uma casinha porque não tinha disponibilidade de crédito para ele. Ou à rede de proteção social. No Ceará, há muito pouco tempo atrás, em época de seca como essa que nós vivemos, muita gente era obrigada a invadir cidade para saquear mercado para poder dar um bocado para comer do filho. Hoje não tem mais isso. Ninguém quer que isso volte atrás. Isso é o que segura a Dilma como favorita. As pessoas sentem que a Economia não está bem, mas as pessoas não enxergam nos candidatos adversos a Dilma um futuro melhor do que ela. Pelo contrário, ver em alguns ou a ‘trairagem’, como é o caso do Eduardo Campos, que até ontem estava comendo no cocho do governo durante sete anos e agora, só por oportunismo, por ‘egotrip’, uma viagem pessoal, ele resolve esculhambar. Ou o Aécio, que quer trazer de volta a turma do Fernando Henrique.
- E a Marina?
- - Ela terá a coerência de dizer que não votou nem na Dilma nem no Serra e nem no Alckimin nas eleições passadas. Portanto, ela pode, mesmo sendo uma petista, ela pode se apresentar como uma coisa realmente nova. Não sendo. Porque o importante não é a pessoa não roubar. Roubou de quem? Eu também nunca roubei um centavo de ninguém. Mas basta você não roubar? É preciso resolver os problemas da população. E qual é a proposta que a Marina tem para o Brasil? Fure meu olho com uma! É só meio ambiente, sustentabilidade, meio ambiente, sustentabilidade, meio ambiente, sustentabilidade. Isso quer dizer o quê, cara pálida? Eu vou só te dar um dado. Quando o Brasil terminar o ano, há um buraco de cem bilhões de dólares na balança comercial. Ou seja, tudo que o Brasil vende para o estrangeiro de produto industrializado e tudo que o Brasil compra do estrangeiro, o Brasil fica devendo cem bilhões de dólares para o estrangeiro. Nós estamos nos desindustrializando. É por isso que eu lhe digo que a economia não vai bem. Quem paga essa conta e não está nem dá conta de pagá-la toda é o agronegócio, que a Marina é inimiga mortal. Ou seja, ela é inimiga mortal de quem paga a conta do Brasil. E ela quer ser presidente do Brasil. Percebe. Isso é o que está em discussão. Não é a cara do Chico, do Manoel, da tia Rosa. O que está em discussão é a quem nós vamos atribuir essa responsabilidade de tanger o nosso destino. E numa eleição majoritária, você vale pelo que você é, mas vale também pelo o que você nega. Por isso que estou seguro que o caminho agora é com a Dilma.
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