O ex-presidenciável Ciro Gomes somente ontem falou sobre a morte de Eduardo Campos (PSB). Para ele, sem Eduardo Campos e com Marina Silva a eleição presidencial perde o rumo. Para Ciro, Marina não é representativa como era Eduardo Campos. "Não vejo Marina com um mínimo de seriedade", disse em Fortaleza, quando participava de ato de campanha do candidato a governador do Ceará, Camilo Santana (PT) e depois seguiu para o enterro de Campos em Recife.
O que significa a morte de Eduardo Campos para a eleição 2014?
Ciro Gomes - A morte de Eduardo Campos é uma tragédia de graves, gravíssimas transcendências. Eu convivi com ele. Fomos colegas ministros no mesmo prédio - Integração Nacional e Ciência e Tecnologia. Morávamos no mesmo hotel, no mesmo andar em Brasília. As nossas mulheres e famílias morávamos uma no Rio e a outra em Recife, nós praticamente fazíamos nossas refeições e nos encontrávamos diariamente. Tivemos grandes momentos. Tivemos divergências, mas consolidou-se ai um respeito, um carinho, uma estima muito grande por ele, pela dona Renata, pelas crianças. A Ana, mãe dele foi minha colega. E isso é uma tragédia que eu me abati por dois dias. Me projetei naquilo. Quantas vezes desci naquele mesmo aeroporto. Quantas vezes tive que arremeter. Mal tempo naquela região. Uma vez em Campos, eu me lembro de uma vez que aconteceu. E assim eu me vi naquilo e vi como a vida pode ser uma vela que com um sopro vai embora. Mas além do mais eu tenho uma aguda preocupação com a consequência disso para o Brasil. O Eduardo era uma cara muito centrado. Preparada. E a Marina eu não vejo a Marina com um mínimo de seriedade intelectual. Não estou falando de decência pessoal que ela tem. Mas de seriedade em matéria de compromisso estratégico com o Brasil. Eu conheço ela muito de perto. Eu estou profundamente preocupado.
O senhor então acredita na polarização PT-PSDB?
Ciro - Não. Não. Eu acho que as primeiras pesquisas que saírem com a Marina ela vai sair em segundo lugar. Isso é um palpite meu, porque ela tem essa notoriedade e ela está sinalizando para negação da política. Que é uma coisa trágica. Porque eu sei que a população embalada por essa mesma grande mídia que está endeusando Eduardo depois de morrer, transformou a política num pardieiro de pilantragem e os jovens, os artistas, os intelectuais, o que há de melhor na nossa sociedade estão caindo nesse ilusão de que existe vida democrática fora da política. Isso é o que me preocupa. E a Marina interpreta isso como muito profissionalismo, quase que atriz. Eu me angustio com isso. Acho que ela sai em segundo lugar e não sei o que vai acontecer.
Com a morte de Campos seria a sua vez para se candidatar a presidente?
Ciro - Não. Até porque eu quis ser candidato a presidente quando o Lula encerrou o ciclo e a Dilma nem sequer era conhecida. E o PSB, o meu partido, decidiu que não era oportuno. Agora me parece oportunismo. Quando a Dilma está em dificuldade a gente sair do barco.
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