RECEBI DE UM AMIGO O COMENTÁRIO ABAIXO DO SOCIÓLOGO ROBERTO MALVEZZI, DA COMISSÃO PASTORAL DA TERRA, PESSOA POR QUEM TENHO O MAIOR RESPEITO E ADMIRAÇÃO, NO QUAL ELE LEVANTA DÚVIDA QUANTO A IMPORTÂNCIA E A NECESSIDADE DO PROJETO DE INTEGRAÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO. VEJAM A RESPOSTA QUE DEI A ESSE AMIGO. OK? CÁSSIO
Caro Eduardo
Conheço bem o sociólogo (?) Roberto Malvezzi, da Comissão Pastoral da Terra, com quem já troquei amistosas correspondências sobre o Pojeto de Integração do Rio São Francisco. Também conheço os posicionamentos do ex-Governador de Sergipe, João Alves, com quem discuti este assunto no CREA de Brasília, e do ex-Governador da Bahia, Antonio Carlos Magalhães. Também estive na TV Cultura de São Paulo, no dia 13 de março de 2008, discutindo com eminentes opositores desse empreendimento, entre os quais o Senador e ex-Governador da Bahia, Paulo Souto, o pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco de Pernambuco, João Suassuna, o professor da Univesidade Federal de Minas Gerais, Apolo Heringer Lisboa, ganhador do trofeu do Meio Ambiente de 2013, uma espécie de Oscar do Meio Ambiente brasileiro. Havia também um Representante do Ministério da Integração Nacional, mas não me lembro bem o seu oposicionamento. Na realidade, encontrei um ambiente completamente contrário àquele Projeto sendo eu, o único a favor. No final do debate todos nos cumprimentamos e para a minha alegria e felicidade fiz excelentes amigos com os quais, ainda hoje, nos correspondemos. Naquele memorável debate, que o tenho gravado, defendi o projeto que sempre defendi desde o início da década de 70 quando eu era Diretor de Estudos e Projetos do DNOCS, entre os anos de 1972 e 1974, para ser mais preciso. Mas que projeto era este?
O Projeto que eu defendia naquela época, sozinho, quando ninguém acreditava nele, era que o mesmo deveria ter uma vazão de 70 metros cúbicos por segundo. A ideia do aproveitamento da energia ociosa (off pick) da CHESF) surgiu em dois Seminários nacionais promovidos pelo DNOCS em sua sede em Fortaleza. Os que eram contra, não o discutiam levando em conta a questão da vazão, nem indagavam qual seria ela. Eram simplesmente contra. Veio o DNOS – Departamento Nacional de Obras de Sanemaento e a estabeleceu em 320 m³/s, depos 280 m³/s. Fui chamado pelo então Diretor do DNOS, Paulo Poggi, no Rio de Janneiro, sede daquele Departamento Federal, e lá defendi a minha versão dos 70 m³/s, pois ainda se falava por lá numa vazão de 800 m³/s que seria transposta em quatro meses durante as enchentes do Rio São Francisco. Eu argumentava que 70 m³/s era como se fossem construídas na Região Setentrinal do Nordeste brsileiro, cinco barragens do tipo Orós, que tem 12 m³/s.
Mas o projeto definitivo, do então Ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, trouxe uma nova versão com uma vazão máxima de 127 m³/s e é com este valor que ele está sendo construído. No meu entendimento, caso tivesse sido aceita a minha versão com 70 m³/s, as águas do Rio São Francisco já teriam chegando ao Ceará desde o inicio do ano passado, ou até antes, pois o custo seria, evidentemente, muito menor. Outros detalhes sobre este empreendimento, que os cinco anos de seca atuais têm demonstrado a sua extrema importância e necessidade, constam no meu livro “A FACE OCULTA DA BARRGEM DO CASTANHÃO – Em Defesa da Engenharia Nacional”, cuja segunda edição deverá estar pronta, se não houver qualquer contratempo, até o final deste mês de junho. Mas é este o meu maior propósito na atualidade, pois neste livro há muitas discussões e ensinamentos sobre as questões hidrológicas, sismograficas, ambientais, sociais e políticas que envolvem uma obra desta magnitude numa região seca como a nossa.
Atenciosamente, Cássio
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