Morreu hoje pela madrugada, o cineasta, compositor, escritor, advogado Francis Vale, aos 72 anos.
No debate "Universidade não se vende, se defende", no auditório Luiz Gonzaga, do Centro de Humanidades III, da Universidade Federal do Ceará (UFC) foi prestada uma homenagem a Francis Vale, que passou pela Casa Amarela de Cinema da UFC.
O Blog reproduz texto do jornalista Paulo Verlaine, sobre Francis Vale:
"A Associação Anistia 1964/1968 manifesta profundo pesar pelo falecimento, aos 72 anos de idade, de um dos seus associados: o cineasta, compositor, escritor, advogado e funcionário da Fazenda estadual (aposentado) Francis Vale. O óbito ocorreu na madrugada de hoje (8), em Fortaleza, e causa grande consternação nos meios culturais, políticos e nos movimentos sociais em todo o Brasil.
O desaparecimento de Francis Vale é uma grande perda para todos os que desejam - e lutam por - um Brasil melhor e mais justo. Toda a sua valiosa trajetória de vida foi marcada pela atuação e dedicação na defesa das causas populares e nacionais.
Paraense de nascimento, mas de família cearense com raízes em Crateús, Francis Vale, desde muito jovem, integrou-se às lutas do movimento estudantil contra o regime ditatorial de 1964 e, mesmo depois de graduado em Direito pela Universidade Federal do Ceará, deu continuidade à sua atuação política, com riscos para a própria vida, liberdade e estabilidade financeira. Foi um dos jovens que organizaram o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) no início dos anos 60, vindo a tornar-se um dos mais destacados quadros dessa agremiação política, onde permaneceu até 1971.
Francis Vale estendeu sua luta contra o arbítrio e em favor da dignidade da pessoa humana ao campo das artes. Era cineasta (documentarista) consagrado, tendo sido diretor dos filmes “Dom Fragoso” e “Trem da Alegria – Arte, Futebol e Ofício”, entre outros. Personalidade incansável, ele destacou-se também como um dos maiores incentivadores do cinema neste Estado. Como lembra o Portal Vermelho, ele “ajudou a criar a mostra que daria origem ao Cine Ceará, hoje um dos maiores festivais do setor em toda a América Latina”. Criou o Festival de Jericoacoara Cinema Digital, realizado desde 2010. Nos seus últimos dias de vida, Francis Vale dedicava-se, com o entusiasmo de sempre, à versão 2018 dessa mostra. É autor do livro “Cinema Cearense – Algumas Histórias”, onde narra vivências e lutas em favor da Sétima Arte.
Francis Vale integrou o movimento musical Pessoal do Ceará, sendo grande entusiasta das carreiras de compositores como Fagner, Rodger Rogério, Stélio Vale e outros. Fez letras para canções interpretadas por integrantes desse movimento artístico. Como destaca o Portal Vermelho, “Francis também lançou o disco “Liberado”, no final dos anos 80, em parceria com o compositor e poeta Alano Freitas. O título é mais uma referência à resistência contra a ditadura, com sua censura e sua “liberação” ou não de canções. O disco contou com participações de grandes nomes da música do Ceará e do Brasil, como Kátia Freitas, Chico Pio e Manassés”.
Atuou ainda nos esportes, sendo torcedor do Fortaleza Esporte Clube, mas sempre teve bom relacionamento com todos os participantes do meio futebolístico, principalmente os mais engajados nas lutas populares, como o craque e hoje colunista Afonsinho.
A Anistia 1964/1968 une-se à dor da família e amigos de Francis Vale e convida todos os seus associados a se fazerem presentes ao velório hoje até 18 horas, no Centro Cultural Belchior, no Largo Luiz Assunção (Praia de Iracema).
Francis vive!
Paulo Verlaine - Coordenador de Comunicação e Publicações da Associação 1964/1968 Anistia".
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