O deputado federal e presidenciável pelo PSB, Ciro Gomes, disse em Fortaleza, ser "improvável" que se consiga derrotar uma chapa tucana formada pelos governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) nas eleições do próximo ano. Perguntado se ainda mantinha a leitura de que uma chapa unindo os estados de Minas Gerais e São Paulo seria "imbatível", análise feita por ele no início do ano passado, Ciro afirmou: "Imbatível, na democracia, é uma palavra perigosa. Mas é muito improvável que se consiga derrotar uma chapa dessa. Muito. Cicatriza o domínio oligárquico que antecede a 30 no Brasil. A Revolução de 30 foi feita porque não havia como o Brasil fugir da política do café com leite, na data, que era Minas e São Paulo aliados e o Brasil se ferrando".
Ciro concedeu entrevista ao "Estado" logo após proferir palestra para logistas cearenses, no Centro Cultural Oboé. Durante sua esplanação, ele foi aconselhado por um pareticipante a não mais afirmar que sua candidatura a presidente estaria condicionada à escolha de Aécio Neves como candidato do PSDB. O presidenciável explicou que suas declarações têm sido deturpadas pela imprensa do Sudeste. Na verdade, segundo Ciro, a candidatura dele não seria tão necessária se o mineiro entrasse na disputa pela sucessão. Em seguida, rasgou elogios aos mineiros, citando o movimento da Inconfidência Mineira e os presidentes Jucelino, Tancredo Neves e Itamar Franco. Falou que é preciso tirar a canhalice do protagonismo. E revelou que age dessa forma por questão estratégica. "Estou mandando recado para os mineiros, que são o segundo maior colégio eleitoral deste País", disse Ciro. O parlamentar também foi questionado pelos participantes sobre a fama de ser "pavio curto" e "temperamental". Reconheceu ter muitos erros, mas ressaltou que nenhum deles cometido no campo moral. Mencionou a declaração dada ontem pelo presidente Lula na qual o presidente falou a palavra "merda". "Se fosse comigo. Se eu tivesse dito aí vocês iriam ver o tratamento que iriam dar", brincou. Depois, reafirmou que está determinado a mudar assim como parou de fumar há 42 dias."Mas a questão contra mim não é essa. É a desconfiança de que sou uma pessoa que não aceita cabresto. E existe uma cultura que a República brasileira tem que ser administrada por quem aceita cabresto. Vamos ver se a gente muda isso", comentou.
Perguntado se esse seria o caso do presidente Lula, Ciro negou. "Ele (Lula) tem uma habilidade que é única. E ele tem uma base social que eu não tenho e nem ninguém tem e nem terá. Ele é um episódio absolutamente único. E veja o que ele passou para ser presidente. Teve que escrever a carta aos brasileiros", respondeu. E completou dizendo que Lula não conseguiria repassar esse carisma para ninguém. "É é intrínseco dele. Claro que o apoio dele para qualquer candidato dá a esse candidato uma partida muito forte".
Ciro voltou a afirmar que cabe somente ao PSB decidir o rumo dele em 2010. "Quem decide a minha candidatura ou não é o meu partido. Não interessa se é Chico, Mané, Pedro, Aécio ou Serra. Quem decide se sou candidato ou não é o meu partido. Agora, é preciso ter clareza que a minha cnadidatura não pode ser um apetite pessoal meu, que é imenso. Tem que fazer sentido para o bem do Brasil. O bem do Brasil é que está em jogo. Se o Aécio entra, a minha candidatura não é tão necessária. É diferente. Sou candidato dependendo do meu partido mandar que eu seja ou não". Sobre a aparição da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma
Rousseff, na propaganda do PT, ele foi evazivo: "Não vi. Mas todo mundo disse que foi muito boa". E afirmou ser uma "oscilação normal" a queda dele nas pesquisas de intenção de voto mais recentes. Considerou que a indefinição com relação a disputa à Presidência ou ao governo do São Paulo não tão relevante, mas reconheceu que dificulta o desempenho nas consultas. "A dúvida me atrapalha, mas está previsto isso. Não dá para ser esclarecedor numa hora em que eu próprio não posso dizer que sou. Depende dos fatos todos nos quais nós temos que transitar. Está tudo certo", finalizou (Carmen Pompeu).
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