Em Fortaleza, deficientes visuais têm grupo especial
Carmen Pompeu
ESPECIAL PARA O ESTADO
FORTALEZA
Fortaleza tem um maracatu composto apenas por pessoas cegas ou com pouca visão. É o Maracatu Luzes da Alma, criado em 2006 pela Sociedade de Assistência aos Cegos (SAC). Na quinta-feira, às 18 horas, o grupo vai desfilar no principal cartão-postal de Fortaleza, a Avenida Beira-Mar.
O nome foi sugestão do professor Paulo Roberto Cândido, que também é o compositor das músicas entoadas nas apresentações. Ao contrário do maracatu do Recife, o de Fortaleza tem um ritmo lento. É quase um choro, um lamento. A dança é dramática e cadenciada por um ritmo dolente, uma batida de chocalhos, surdos e triângulos.
O cortejo segue em alas representando índios, baianas, balaeiros (simbolizando a fertilidade da terra), calungas, pretas e pretos velhos, baliza, negro do incenso, porta estandarte, a rainha negra e sua corte.
O primeiro enredo do maracatu dos cegos tinha um refrão cheio de otimismo que dizia: "Maracatu Luzes da Alma/Iluminando a libertação/Deixando firme a nossa palma/Tornando livre o coração".
"O Maracatu Luzes da Alma é o primeiro a reunir pessoas com deficiência visual em torno de uma manifestação artística e cultural, mostrando que temos garra e não invalidez", diz Paulo Roberto Cândido.
Neste ano, o enredo mantém o tom otimista: "No Ceará, a nossa vez / de desfilar sem o preconceito/temos garra, não invalidez/coração bate no peito".
O desfile dos maracatus é a principal atração do carnaval de rua da capital cearense. Os grupos mais tradicionais se apresentam no domingo de carnaval. De acordo com Paulo Roberto Cândido, o Luzes da Alma ainda não atingiu o profissionalismo necessário para a competição. Mas pretende chegar lá.
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