Decepção em tempos de Copa
Quando se anunciou o Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014, muito se conjecturou sobre os legados
que esse evento deixaria para a população. Especulou-se sobre melhorias na segurança e na mobilidade
urbana, entre outros setores. Imaginou-se um país que se prepararia para dar conta de um evento de tamanha
envergadura e para, consequentemente, mudar o patamar de qualidade dos serviços e dos equipamentos
públicos. Levantou-se a hipótese de que este país aproveitaria a oportunidade de vender-se ao mercado
internacional sob o marketing de uma jovem, porém competente democracia. O primeiro país a ter um
número tão grande de sedes convenceu a poderosa e pouco flexível FIFA de que essa pluralidade não
interferiria na organização do evento.
que esse evento deixaria para a população. Especulou-se sobre melhorias na segurança e na mobilidade
urbana, entre outros setores. Imaginou-se um país que se prepararia para dar conta de um evento de tamanha
envergadura e para, consequentemente, mudar o patamar de qualidade dos serviços e dos equipamentos
públicos. Levantou-se a hipótese de que este país aproveitaria a oportunidade de vender-se ao mercado
internacional sob o marketing de uma jovem, porém competente democracia. O primeiro país a ter um
número tão grande de sedes convenceu a poderosa e pouco flexível FIFA de que essa pluralidade não
interferiria na organização do evento.
Na época da escolha, escrevi neste espaço um artigo intitulado O varejo em tempo de Copa, estimulando os
colegas varejistas a se prepararem para as exigências dos consumidores externos e para as diferenças entre
os povos. Disse eu: A Copa tem duração de um mês, mas os negócios que fecharemos podem perdurar por
muito tempo, portanto, precisamos nos planejar, pois demorará muito até que tenhamos de novo a chance
de nos valermos de uma publicidade tão agressiva e tão abrangente, levada simultaneamente para bilhões
de pessoas.
colegas varejistas a se prepararem para as exigências dos consumidores externos e para as diferenças entre
os povos. Disse eu: A Copa tem duração de um mês, mas os negócios que fecharemos podem perdurar por
muito tempo, portanto, precisamos nos planejar, pois demorará muito até que tenhamos de novo a chance
de nos valermos de uma publicidade tão agressiva e tão abrangente, levada simultaneamente para bilhões
de pessoas.
Passados quatro anos, o que temos? Vários veículos internacionais de comunicação alertando sobre a
insegurança pública e sobre as muitas dificuldades que os turistas aqui enfrentarão. Tudo isso porque obras e
investimentos em mobilidade urbana, segurança, aeroportos, portos, telecomunicações e estrutura de turismo
foram iniciados sem que houvesse, na maioria dos casos, compromisso com os prazos. As picuinhas
políticas e a problemática burocracia também atrasaram esse processo que deveria ter como fator
preponderante os interesses benéficos ao país.
insegurança pública e sobre as muitas dificuldades que os turistas aqui enfrentarão. Tudo isso porque obras e
investimentos em mobilidade urbana, segurança, aeroportos, portos, telecomunicações e estrutura de turismo
foram iniciados sem que houvesse, na maioria dos casos, compromisso com os prazos. As picuinhas
políticas e a problemática burocracia também atrasaram esse processo que deveria ter como fator
preponderante os interesses benéficos ao país.
Esse atraso no cronograma, aliado a ações que não foram planejadas a tempo de serem executadas e a
projetos que, na maioria dos casos, apenas ficaram no papel, conseguiu projetar mundialmente a imagem de
um povo desorganizado, em vez da pretendida imagem de um povo hospitaleiro e empreendedor.
Hospitalidade e empreendedorismo seguramente não rimam com a exorbitância dos valores cobrados pelos
serviços nem com a infraestrutura inacabada. Isso sem falar na quase absoluta ausência de qualidade nas
telecomunicações quando estas são comparadas aos demais países de porte semelhante ao do Brasil.
projetos que, na maioria dos casos, apenas ficaram no papel, conseguiu projetar mundialmente a imagem de
um povo desorganizado, em vez da pretendida imagem de um povo hospitaleiro e empreendedor.
Hospitalidade e empreendedorismo seguramente não rimam com a exorbitância dos valores cobrados pelos
serviços nem com a infraestrutura inacabada. Isso sem falar na quase absoluta ausência de qualidade nas
telecomunicações quando estas são comparadas aos demais países de porte semelhante ao do Brasil.
E diante dessa incompetência gestora globalmente propagada pela mídia, adota-se o “jeitinho brasileiro”.
Para maquiar a segurança, Exército nas fronteiras, Upps nos morros e equipamentos caros nas mãos de quem
pouco foi treinado para usá-los. Para maquiar a (i) mobilidade urbana, decreta-se feriado em dias de jogos.
Para maquiar a segurança, Exército nas fronteiras, Upps nos morros e equipamentos caros nas mãos de quem
pouco foi treinado para usá-los. Para maquiar a (i) mobilidade urbana, decreta-se feriado em dias de jogos.
E como fica o empreendedor que tiver investido recursos próprios esperando recuperá-los durante o evento,
se nos dias de jogos, exatamente os dias de maior movimento, será feriado? E como ficará o turista que
desses serviços precisar? E como ficará a população que sequer irá aos jogos devido ao alto valor dos
ingressos? É a decepção em tempos de Copa!
se nos dias de jogos, exatamente os dias de maior movimento, será feriado? E como ficará o turista que
desses serviços precisar? E como ficará a população que sequer irá aos jogos devido ao alto valor dos
ingressos? É a decepção em tempos de Copa!
Jornal O Povo – 14/05/2014
Honório Pinheiro
presidente@fcdlce.com.br
Presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do CE
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