A partir do próximo sábado (8), o Centro Cultural Banco do Nordeste do Brasil inicia um novo programa, que busca revelar a Literatura como um espaço de trocas não apenas interartísticas, mas também como um terreno intermidiático. Intitulado “Se um leitor numa manhã de sábado...”, o programa terá encontros a cada dois meses, sempre aos sábados, de 10h30 às 12h30.
Os temas girarão em torno da questão “Que odisseias são hoje vividas pela Literatura?”, abrindo espaço para o diálogo da Literatura com outras artes e com outras mídias, como jornais e revistas, cinema, televisão, rádio, vídeo, além das várias mídias eletrônicas e digitais.
Nesta primeira edição, o palestrante é Alberto Pucheu (foto), poeta, ensaísta, professor de Teoria Literária da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador do CNPq. Autor do recém-lançado “Apoesia contemporânea” (Azougue Editorial, 2014), que tem um dos capítulos denominados “Do tempo de Drummond ao nosso”, o crítico coloca a poesia do escritor mineiro num espaço onde vigora a “liberdade de uma indeterminação, de que o poético seja um desconhecimento de seus limites, uma ausência de barreiras”.
Passados quase 30 anos da morte de Carlos Drummond de Andrade, Alberto Pucheu vem discutir as encruzilhadas do tempo poético, que faz com que o escritor mineiro ainda nos habite de forma tão intensa. Ele abordará a relação da poesia de Drummond com o cotidiano, caracterizada por meio de poemas como ‘Vida menor’, promovendo uma reflexão sobre como isso interfere em uma compreensão diferenciada da obra do autor no contemporâneo.
“Drummond é também o poeta do comum em seu despojamento. Talvez seja também por dar voz ao homem comum, que nós notaremos que, em alguns poemas, Drummond já não se considera poeta, mas um ex-poeta, um poeta precário, um poeta perturbado”, acrescenta.
Segundo Fernanda Coutinho, professora de Teoria da Literatura da UFC e consultora literária do projeto, o propósito é promover discussões que possibilitem o entendimento da literatura, que está ligada às várias outras manifestações artísticas da atualidade. “Será discutido como a literatura ocupa os espaços públicos, como ela se expressa na contemporaneidade, juntamente com outras artes, como pinturas, esculturas, cinema, etc., ou seja, pensar a literatura dentro e fora dos livros”. O projeto visa atingir os leitores que partilham dessa análise de compartilhamento, que participam desse “jogo interartístico que é a literatura”, como cita Fernanda.
Alberto Pucheu
Seu livro de poemas “A fronteira desguarnecida” (2007) foi vencedor do Programa de Bolsas para Escritores Brasileiros, da Fundação Biblioteca Nacional, e o de ensaios “Pelo colorido, para além do cinzento; a literatura e seus entornos interventivos” (2007). Recebeu o Prêmio Mário de Andrade de Ensaio Literário, da Fundação Biblioteca Nacional.
Em 2011, teve 20 das fotografias que tirou de frases grafitadas em ruas de diferentes cidades do mundo expostas, sob o título de “Paisagens urbanas quase sem paisagens”, no evento internacional ArteFórum, sob a curadoria de Beatriz Rezende. Além disso, realizou, em julho de 2011, a instalação “Palavras”, na OI Futuro de Ipanema, no projeto Poesia Visual, sob a curadoria de Alberto Saraiva (essa série de exposições e instalações contou também com mostras de Ferreira Gullar, Antonio Cicero, Wladimir Dias Pino, Tadeu Jungle, Helena Trindade, Roberto Corrêa dos Santos e Lúcio Agra).
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