Apesar de a comissão especial do Senado aprovar o afastamento de Dilma Rousseff da presidência do Brasil por 180 dias – com 55 votos a favor e 22 contra, em uma sessão que durou mais de 20 horas – o dólar operava em alta de 0,97% sendo cotado a R$ 3,479 na venda e a bolsa voltou a subir 1,24%, após um recuo de 0,58% nesta quinta-feira (12/05). Mesmo com a precificação prévia do mercado financeiro que já esperava o resultado do Senado, a elevação no preço da moeda americana é influenciada por nova intervenção do Banco Central que anunciou na manhã de hoje, com novo leilão de swap cambial reverso de cerca de 20 mil contratos. A confirmação dos nomes da equipe econômica de Michel Temer, pode deixar o mercado ainda mais otimista com as novas propostas e planos econômicos de governo.
Leia os comentários de especialistas do mercado sobre a decisão aprovada pelo Senado:
Para Paulo Figueiredo, diretor de operações da FN Capital, o mercado já havia precificado a saída da presidente Dilma Rousseff da presidência antes mesmo da concretização, com uma expectativa em torno de 50 votos a favor do afastamento. “A única dúvida que restava era com qual força essa notícia viria, já que um número de votos contra e a favor diferente da expectativa impactaria fortemente o mercado”, declara Paulo. Além disso, o diretor analisa que a alta do dólar derivou-se das intensificações das intervenções feitas pelo Banco Central. “Já existe uma expectativa sobre o ministério que vai ser anunciado, porém, mais importante do que isso vai ser as medidas e planos econômicos que serão apresentadas por Temer. É necessário ver também como será a nova direção do BC, para ver se ele vai continuar segurando a cotação ou deixar o câmbio livre, mas só com a mudança de governo, já se espera um fluxo de confiança por parte dos empresários que devem favorecer a bolsa e o dólar”, completa.
Fernando Bergallo, diretor da assessoria de câmbio FB Capital, também afirma que o mercado já havia se adiantado à decisão e conta que isso é algo natural. “O impeachment já havia sido precificado. O mercado financeiro sempre se antecipa aos fatos, e toda a expectativa otimista já está nos preços dos ativos e em dólar e bolsa. O mercado hoje está subindo, assim como ocorreu no dia seguinte à votação na Câmara dos Deputados”. Para Bergallo, a definição da equipe econômica do governo de Temer está, neste momento, no centro das atenções. “A retomada de confiança dos agentes econômicos já havia ocorrido meses atrás com a percepção de que o impeachment iria ocorrer. Agora só teremos melhora na percepção de otimismo quando o governo Temer começar a tomar decisões acertadas quanto ao ministério e à nova política econômica”, completa.
“Acredito que o governo de Michel Temer vai se dirigir originalmente a um conjunto de empresários, a um mercado financeiro. Isso vai ser um recado para fazer um ministério com uma política pró-mercado, menos intervencionista, mais avessa à inflação e ao déficit público. É isso que o mercado espera para que os preços se estabilizem no mercado financeiro. Para que as ações subam e para que o dólar caia junto com os juros, é preciso que seja anunciada uma política claramente avessa à inflação e ao déficit público”, analisa Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Corretora.
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