No primeiro pico, verificado na noite de ontem, logo após a divulgação das primeiras notícias sobre a viabilização da aliança, o viés das postagens era essencialmente negativo. Ainda que as notícias mais compartilhadas apontassem a conquista de maior espaço para Alckmin no horário eleitoral, o que fortaleceria sua campanha, o presidenciável foi criticado por ter cedido a demandas, como a que envolve a busca de uma saída para o problema do financiamento dos sindicatos, devido ao fim da cobrança obrigatória do imposto sindical. Tal compromisso atenderia a demanda do deputado federal Paulinho da Força (SD). A exigência, no entanto, foi percebida como uma aproximação de Alckmin a uma pauta mais à esquerda — argumento potencializado pelas notícias de um possível estreitamento de laços com o MST.
A aliança com o Centrão também foi apontada, principalmente na noite de ontem, como a "consagração" de Alckmin como um candidato que não fará mudanças significativas nas estruturas de poder, se eleito. Tal abordagem permanece entre as referências registradas no segundo pico de menções, ainda que com menor intensidade. Também são recorrentes as críticas ao tucano por se associar a um grupo político que é visto por alguns usuários como base de sustentação de escândalos de corrupção em governos anteriores.
Com o passar das horas, contudo, a crítica inicial a Alckmin passou a dividir espaço com menções favoráveis, especialmente em razão da aparente reação positiva do mercado ao fortalecimento de sua candidatura. Desse modo, nesta sexta-feira (20), o pico de menções ao pré-candidato dá conta mais diretamente das consequências da decisão do Centrão para a organização das outras candidaturas, especialmente no campo da esquerda. Com a aliança, a presença de Ciro Gomes em um segundo turno contra Bolsonaro é percebida cada vez mais como um cenário distante. Sem o apoio do Centrão e possivelmente mais distante da esquerda, o pedetista aparece como um nome "isolado" no cenário eleitoral.
A análise do mapa de interações elaborado a partir de 10.214 retuítes sobre a aliança entre o Centrão e Alckmin mostra que o debate ocorreu em quatro principais grupos. O maior deles (azul escuro) representa 40% das contas e é formado por perfis de direita, com discurso de apoio a Jair Bolsonaro. O grupo critica a aproximação entre Alckmin e o Centrão, em função de uma temática ligada à corrupção — é recorrente uma defesa do pré-candidato pelo PSL, que, segundo os usuários do grupo, jamais se ligaria ao Centrão. O grupo concentra, ainda, grande parte das críticas à exigência de nova fonte de financiamento aos sindicatos para a concretização da aliança.
Segundo mais relevante, o grupo vermelho reúne majoritariamente perfis de esquerda, que se concentram tematicamente nos impactos da aliança Centrão – Alckmin para a candidatura de Ciro Gomes. Entre as publicações mais retuitadas, a maior parte critica Ciro como uma espécie de "camaleão" político, ora buscando apoio no Centrão, ora em Lula/PT. Também surgem discussões sobre uma possível necessidade de reação dos partidos de esquerda com o objetivo de fazer frente a Alckmin, que passaria a contar com tempo maior de TV. Trata-se do grupo com menor volume de conexões com outros núcleos do debate.
A imprensa aparece mais fortemente nos dois grupos restantes: o laranja e o amarelo. No primeiro, associa-se a perfis também ligados ao mercado, abordando a decisão do Centrão como uma possível primeira vitória de Alckmin, que avançaria na possibilidade de disputar um segundo turno com Bolsonaro. Neste núcleo, é recorrente a construção de uma narrativa que associa a aliança a uma reação positiva do mercado. Já no grupo amarelo, os perfis de jornalistas e meios de comunicação trazem em maior número compartilhamentos de notícias variadas, que abordam desde a conquista de Alckmin até a movimentação de Ciro novamente em direção a partidos de esquerda após a "derrota", passando pela discussão sobre o financiamento sindical.
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