Em homenagem ao bicentenário de nascimento de Thomaz Pompeu de Sousa Brasil (06/06/1818), o Senador Pompeu, o Blog inicia hoje uma série de publicações que contam um pouco da vida deste que foi um dos maiores intelectuais do Ceará.
Começamos por trechos do discurso proferido por José Parsifal Barroso (*), em 1977, na sessão solene do Instituto do Ceará em homenagem ao centenário de morte do Senador Pompeu.
PARTE 1 - ORIGEM E INFÂNCIA
"Voltemos ao início do século XIX, quando Thomaz de Aquino de Souza, natural do Rio Grande do Norte, trocou seu rincão natal pelas terras de pastoreio da ribeiras do Jacurutu, - onde tanto boi berra e onde medram viçosas as pastagens de panasco e mimoso. Fixou-se na freguesia de Santa Quitéria, ali se relacionando com o clã dos Pinto de Mesquita, vindo a matrimoniar-se com Jeracina Isabel, filha da abastada senhora Isabel Pinto de Mesquita, viúva do capitão de ordenanças José Luís Pestana.
Esse o tronco fecundo e abençoado, de onde bracejaram as famílias Pompeu, Magalhães e Catunda, que tanto lustre trouxeram a esta Província.
O filho Thomaz acrescentaria mais tarde ao seu lusitano nome de Souza, os nomes de Pompeu e Brasil, e o outro, Antônio, o nome famoso de Catunda (Senador Pompeu e Senador Catunda eram, portanto, irmãos).
Refere Gilberto Freyre que, logo depois da Independência, correu por todo o Brasil grande furor nativista, fazendo que muitos senhores mudassem os nomes de família portugueses para nomes indígenas.
Em nossa Província, surgiram os Mororó, Anta, Araripe, Ibiapina agregados aos velhos nomes portugueses que tanto deram que falar na época da Confederação do Equador, quando os heróis daquela revolução adotaram nomes de plantas e animais da flora e fauna brasileira.
Alguns, para deixar marcada as suas origens, intercalariam um Pernambucano, Cearense, Maranhão, Holanda ou mesmo Brasil. Brasil foi o toponímico com que Thomaz encerraria o seu nome. Levado, ainda, de suas tendências e leituras clássicas, recolheria da história romana - "magni nominis umbra" - o nome glorioso de Pompeu.
Nascido a 6 de junho de 1818, sua família, anos depois, passaria por enormes privações, decorrentes de secas e implacável perseguição política.
É que seu pai, Thomaz de Aquino de Souza assinara, em 26 de agosto de 1824, a célebre ata do chamado Grande Conselho que marcaria o início da Confederação do Equador.
Desencadeara-se em toda a Província violenta reação imperialista, pelo que não valeu a Thomaz de Aquino, ser homem pacífico e haver desconfessado sua adesão ao movimento subversivo, alegando, juntamente com outros, que adotara o sistema contrário à Monarquia "com poder da força e violência involuntariamente de suas livres e espontâneas vontades".
Ficou mal visto e tido com "patriota" palavra que então tomara conotação pejorativa, para significar os partidários do bravo caudilho Tristão Gonçalves, que chefiaria na Província, o motim para deposição da dinastia bragantina e implantação da república.
Depois de acometidos por uma escolta de assassinos, de que se livrariam, Thomaz de Aquino e sua família tiveram por prudente abandonar Santa Quitéria, retornando, no ano seguinte, àquela freguesia, quando encontraram seus haveres, que consistiam em gados, quase dizimados pela peste, seca e ação punitiva de seus adversários.
Era de penúria a situação da família de Thomaz de Aquino e, nesse ambiente de escassez e privações, é que decorreria a infância de Thomaz e seus irmãos.
Aos 15 anos, entrou no estudo de gramática latina, em Sobral e tal precocidade revelou e tão acentuado gosto pelas letras que a família de sua mãe animou-a a mandar Thomaz a estudos superiores, subscrevendo-se em seu favor uma pequena quota, que o ajudou nas primeiras despesas.
A cidade de Olinda - foco regional do saber contemporâneo - contava então com um seminário, que passara por uma reforma liberal e de onde sairiam para a vida pública as figuras irrequietas dos padres Miguelinho e Mororó, ambos primos-irmãos de Thomaz de Aquino, e com uma Academia Jurídica - foi destino seguido pelo moço Thomaz, então com 18 anos."
Fonte: Revista do Instituto do Ceará (Vol. 97 - jan/dez de 1977).
_______________________________
(*) - José Parsifal Barroso foi advogado, jornalista e político brasileiro.
Foi ministro do Trabalho, Indústria e Comércio no governo Juscelino Kubitschek, de 31 de janeiro de 1956 a 30 de junho de 1958. Também foi ministro interino da Agricultura, de 27 de setembro a 3 de outubro de 1956. Foi governador do Ceará, de 25 de março de 1959 a 25 de março de 1963.
Leia também:
Bicentenário do Senador Pompeu - Parte 2: O Sacerdote
Começamos por trechos do discurso proferido por José Parsifal Barroso (*), em 1977, na sessão solene do Instituto do Ceará em homenagem ao centenário de morte do Senador Pompeu.
PARTE 1 - ORIGEM E INFÂNCIA
"Voltemos ao início do século XIX, quando Thomaz de Aquino de Souza, natural do Rio Grande do Norte, trocou seu rincão natal pelas terras de pastoreio da ribeiras do Jacurutu, - onde tanto boi berra e onde medram viçosas as pastagens de panasco e mimoso. Fixou-se na freguesia de Santa Quitéria, ali se relacionando com o clã dos Pinto de Mesquita, vindo a matrimoniar-se com Jeracina Isabel, filha da abastada senhora Isabel Pinto de Mesquita, viúva do capitão de ordenanças José Luís Pestana.
Esse o tronco fecundo e abençoado, de onde bracejaram as famílias Pompeu, Magalhães e Catunda, que tanto lustre trouxeram a esta Província.
O filho Thomaz acrescentaria mais tarde ao seu lusitano nome de Souza, os nomes de Pompeu e Brasil, e o outro, Antônio, o nome famoso de Catunda (Senador Pompeu e Senador Catunda eram, portanto, irmãos).
Refere Gilberto Freyre que, logo depois da Independência, correu por todo o Brasil grande furor nativista, fazendo que muitos senhores mudassem os nomes de família portugueses para nomes indígenas.
Em nossa Província, surgiram os Mororó, Anta, Araripe, Ibiapina agregados aos velhos nomes portugueses que tanto deram que falar na época da Confederação do Equador, quando os heróis daquela revolução adotaram nomes de plantas e animais da flora e fauna brasileira.
Alguns, para deixar marcada as suas origens, intercalariam um Pernambucano, Cearense, Maranhão, Holanda ou mesmo Brasil. Brasil foi o toponímico com que Thomaz encerraria o seu nome. Levado, ainda, de suas tendências e leituras clássicas, recolheria da história romana - "magni nominis umbra" - o nome glorioso de Pompeu.
Nascido a 6 de junho de 1818, sua família, anos depois, passaria por enormes privações, decorrentes de secas e implacável perseguição política.
É que seu pai, Thomaz de Aquino de Souza assinara, em 26 de agosto de 1824, a célebre ata do chamado Grande Conselho que marcaria o início da Confederação do Equador.
Desencadeara-se em toda a Província violenta reação imperialista, pelo que não valeu a Thomaz de Aquino, ser homem pacífico e haver desconfessado sua adesão ao movimento subversivo, alegando, juntamente com outros, que adotara o sistema contrário à Monarquia "com poder da força e violência involuntariamente de suas livres e espontâneas vontades".
Ficou mal visto e tido com "patriota" palavra que então tomara conotação pejorativa, para significar os partidários do bravo caudilho Tristão Gonçalves, que chefiaria na Província, o motim para deposição da dinastia bragantina e implantação da república.
Depois de acometidos por uma escolta de assassinos, de que se livrariam, Thomaz de Aquino e sua família tiveram por prudente abandonar Santa Quitéria, retornando, no ano seguinte, àquela freguesia, quando encontraram seus haveres, que consistiam em gados, quase dizimados pela peste, seca e ação punitiva de seus adversários.
Era de penúria a situação da família de Thomaz de Aquino e, nesse ambiente de escassez e privações, é que decorreria a infância de Thomaz e seus irmãos.
Aos 15 anos, entrou no estudo de gramática latina, em Sobral e tal precocidade revelou e tão acentuado gosto pelas letras que a família de sua mãe animou-a a mandar Thomaz a estudos superiores, subscrevendo-se em seu favor uma pequena quota, que o ajudou nas primeiras despesas.
A cidade de Olinda - foco regional do saber contemporâneo - contava então com um seminário, que passara por uma reforma liberal e de onde sairiam para a vida pública as figuras irrequietas dos padres Miguelinho e Mororó, ambos primos-irmãos de Thomaz de Aquino, e com uma Academia Jurídica - foi destino seguido pelo moço Thomaz, então com 18 anos."
Fonte: Revista do Instituto do Ceará (Vol. 97 - jan/dez de 1977).
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(*) - José Parsifal Barroso foi advogado, jornalista e político brasileiro.
Foi ministro do Trabalho, Indústria e Comércio no governo Juscelino Kubitschek, de 31 de janeiro de 1956 a 30 de junho de 1958. Também foi ministro interino da Agricultura, de 27 de setembro a 3 de outubro de 1956. Foi governador do Ceará, de 25 de março de 1959 a 25 de março de 1963.
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