Além de padre e político liberal, Thomaz Pompeu de Sousa Brasil, o Senador Pompeu, foi advogado e jornalista. Dando continuidade à série de postagens que marcam o bicentenário de seu nascimento, destacamos hoje sua carreira de advogado, registrada por Parsifal Barroso (*) para o Instituto do Ceará, em 1977. Senador Pompeu, segundo Parsifal, abraçaria a carreira de advogado já depois de casar-se com Felismina Carolina, com quem teve os filhos Tereza, Antônio, Thomaz e Hildebrando.
Bicentenário do Senador Pompeu
PARTE 4 - O ADVOGADO
"Formado em leis, na Academia Jurídica de Olinda, em 1843, defendeu sua primeira causa cível, no Ipu, mas somente em 1849 é que veio a abrir banca de advogado em Fortaleza, já de família montada, em plena atividade jornalística, como redator do "Cearense" e parlamentar como deputado geral.
Essa é uma atividade de Pompeu que não mereceu ainda maior estudo, mas a que Oliveira Paiva daria guarida, em seu romance "Dona Guidinha do Poço", onde, na magnífica análise de Ismael Pordeus, o Padre Brasil - chefe do partido liberal, advogado, e amigo do infeliz Major Quim - fora constituído em símile do Padre Pompeu.
Com o padre-advogado o Major Quim foi aconselhar-se a respeito do desquite que lhe parecia inevitável com a irriquieta Guidinha. Eis o que nos conta o romancista:
'O amigo respondeu-lhe às diversas impertinências: que só aprovava o divórcio não sendo possível a conciliação, que neste caso seria mais conveniente para a tranquilidade do seu espírito, que antes de sentença do juiz eclesiástico a mulher não podia dispor livremente dos bens, mas ele sim; que ela tinha direito de pedir em juízo que ele lhe desse alimentos, e o juiz poderia marcar-lhe uma diária razoável'.
Os conselhos que Oliveira Paiva põe na boca do Padre Brasil ('que só aprovava o divórcio não sendo possível nenhuma conciliação´) não destoam dos princípios éticos que inspiram Pompeu, na sua vida de advogado, e que se acham sumarizados na verdadeira profissão-de-fé que fez incluir, em seu testamento, e que, respeitosamente, lemos a seguir:
'...exerço a advocacia por 20 anos... Na minha profissão de advogado, limitada ao foro civil, pois por conveniência de meu estado, abstive-me do foro criminal, salvo raríssimo caso, tenho consciência de que nunca enganei a ninguém, nunca aconselhei para o mal, nem seduzi partes para demandar, ou fiz contratos proibidos ou lesivos. Se nessa profissão causei prejuízos a alguém, confesso que só o fiz por erro'."
Fonte: Revista do Instituto do Ceará (Vol. 97 - jan/dez de 1977).
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(*) - José Parsifal Barroso foi advogado, jornalista e político brasileiro.
Foi ministro do Trabalho, Indústria e Comércio no governo Juscelino Kubitschek, de 31 de janeiro de 1956 a 30 de junho de 1958. Também foi ministro interino da Agricultura, de 27 de setembro a 3 de outubro de 1956. Foi governador do Ceará, de 25 de março de 1959 a 25 de março de 1963.
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Antônio e Thomaz, filhos do Senador Pompeu (Foto: reprodução de acervo de Família) |
Bicentenário do Senador Pompeu
PARTE 4 - O ADVOGADO
"Formado em leis, na Academia Jurídica de Olinda, em 1843, defendeu sua primeira causa cível, no Ipu, mas somente em 1849 é que veio a abrir banca de advogado em Fortaleza, já de família montada, em plena atividade jornalística, como redator do "Cearense" e parlamentar como deputado geral.
Essa é uma atividade de Pompeu que não mereceu ainda maior estudo, mas a que Oliveira Paiva daria guarida, em seu romance "Dona Guidinha do Poço", onde, na magnífica análise de Ismael Pordeus, o Padre Brasil - chefe do partido liberal, advogado, e amigo do infeliz Major Quim - fora constituído em símile do Padre Pompeu.
Com o padre-advogado o Major Quim foi aconselhar-se a respeito do desquite que lhe parecia inevitável com a irriquieta Guidinha. Eis o que nos conta o romancista:
'O amigo respondeu-lhe às diversas impertinências: que só aprovava o divórcio não sendo possível a conciliação, que neste caso seria mais conveniente para a tranquilidade do seu espírito, que antes de sentença do juiz eclesiástico a mulher não podia dispor livremente dos bens, mas ele sim; que ela tinha direito de pedir em juízo que ele lhe desse alimentos, e o juiz poderia marcar-lhe uma diária razoável'.
Os conselhos que Oliveira Paiva põe na boca do Padre Brasil ('que só aprovava o divórcio não sendo possível nenhuma conciliação´) não destoam dos princípios éticos que inspiram Pompeu, na sua vida de advogado, e que se acham sumarizados na verdadeira profissão-de-fé que fez incluir, em seu testamento, e que, respeitosamente, lemos a seguir:
'...exerço a advocacia por 20 anos... Na minha profissão de advogado, limitada ao foro civil, pois por conveniência de meu estado, abstive-me do foro criminal, salvo raríssimo caso, tenho consciência de que nunca enganei a ninguém, nunca aconselhei para o mal, nem seduzi partes para demandar, ou fiz contratos proibidos ou lesivos. Se nessa profissão causei prejuízos a alguém, confesso que só o fiz por erro'."
Fonte: Revista do Instituto do Ceará (Vol. 97 - jan/dez de 1977).
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(*) - José Parsifal Barroso foi advogado, jornalista e político brasileiro.
Foi ministro do Trabalho, Indústria e Comércio no governo Juscelino Kubitschek, de 31 de janeiro de 1956 a 30 de junho de 1958. Também foi ministro interino da Agricultura, de 27 de setembro a 3 de outubro de 1956. Foi governador do Ceará, de 25 de março de 1959 a 25 de março de 1963.
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